Otimizando o Handoff: Melhorias para Design e Desenvolvimento

Deborah Eberle
5 min readOct 9, 2024

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No universo de desenvolvimento de produtos digitais, Handoff é o ponto crítico em que o trabalho do designer passa para as mãos das equipes de desenvolvimento, sejam front-end ou back-end. Um Handoff eficiente garante que as decisões de design sejam bem interpretadas, otimizando a comunicação entre as frentes e evitando retrabalho. Neste artigo, compartilho como reestruturamos o processo de Handoff em nosso projeto, focando na eliminação de gargalos e aprimorando a eficiência.

O que é Handoff e por que ele é importante?

O Handoff refere-se à transferência de responsabilidade do design para a implementação. Ele inclui não apenas os assets de design, mas também detalhes sobre comportamento, fluxos de interação e, cada vez mais, documentação precisa sobre como o produto deve ser construído. A falta de clareza nesse processo pode gerar frustrações e erros, prejudicando o produto final. Assim, o objetivo de reestruturar esse processo foi garantir que as informações fluam de forma clara e eficaz entre as equipes, aproximando mais desenvolvedores dos designers.

Passos da Reestruturação

1. Survey com Desenvolvedores: Identificação de Dores e Melhorias

A primeira etapa da reestruturação foi compreender as dificuldades enfrentadas pelos desenvolvedores durante o Handoff. Realizamos uma pesquisa rápida com perguntas abertas para identificar pontos críticos e áreas de melhoria. Essa coleta inicial de feedback nos ajudou a mapear onde o processo estava falhando.

Pergunta: Quais são as dificuldades que você enfrenta ao implementar a partir de um protótipo feito pelo time de Design?

Resposta: "Por trabalharmos com um produto complexo e com muitas regras de negócio, acredito que a falta de descrição dos comportamentos pode nos levar a pressupor coisas, às vezes até erroneamente. Tendo estes comportamentos descritos, conseguiríamos seguir trabalhando na tarefa sem ter esse tipo de dúvida durante o desenvolvimento, gerando menos retrabalho futuro e auxiliando, também, aos QAs no processo de teste"

2. Agrupamento das Dores em Temas Principais

Com as respostas do formulário em mãos, agrupamos as dores levantadas em temas maiores. Isso nos deu uma visão clara dos problemas mais recorrentes, como a falta de clareza nas especificações de design e a dificuldade em navegar entre diferentes partes do projeto. Esses temas nos guiaram na priorização de melhorias.

A partir dessas dores, partimos para ação:

1. Mapeamento do Processo de Design

Para garantir que os problemas identificados na pesquisa não se repetissem, criamos um Flow Chart detalhado do nosso processo de design. O objetivo foi mapear todas as etapas necessárias para completar uma tarefa, desde a concepção até o Handoff. Esse mapeamento nos ajudou a identificar gargalos no processo e melhorar a forma como descrevemos tarefas e suas interações no Figma.

2. Criação de um Full Flow do Produto

Desenvolvemos um Full Flow detalhado do nosso produto, cobrindo todas as telas e fluxos de interação. Isso incluiu a atualização de telas desatualizadas e a melhoria de partes do design que geravam confusão durante o desenvolvimento. O Full Flow não apenas serviu como um guia visual, mas também como uma base para resolver questões específicas de navegação e comportamento.

"Mapas de fluxo e especificações de design funcionam como a ‘cola’ que mantém as equipes alinhadas durante o desenvolvimento, garantindo que as intenções do design sejam preservadas" (Nielsen and Norman Group)

3. Reestruturação do Handoff no Figma

"A descrição dos comportamentos é um recurso de grande valia durante o desenvolvimento porque nos dá todo o contexto necessário para desenvolver o fluxo, acredito que os cards ao lado dos protótipos explicando esses comportamentos são recursos bastante úteis." (Resposta de um dos desenvolvedores a pesquisa inicial)

Com os fluxos e processos mapeados, focamos em melhorar a forma como entregamos as tarefas no Figma. As mudanças incluíram:

  • Tags e Cabeçalhos: Cada tarefa recebeu um cabeçalho claro, com informações detalhadas sobre o contexto da task, como status, comportamentos esperados e links para fluxos relacionados.
  • Tags de Status: Servem como um "auxílio" para os desenvolvedores e designers entenderem em que ponto a task se encontra
  • Card de Comportamentos: Criamos o “card de comportamentos” para cada tela, detalhando interações específicas, animações e respostas esperadas de cada componente.
A descrição pode ser um texto corrido ou um “passo a passo”.

4. Criação de um Flow Chart Global do Produto

Por fim, desenvolvemos um Flow Chart de todo o produto, permitindo uma navegação rápida pelas informações chave de cada funcionalidade. Essa visão macro facilita o acesso de todos os envolvidos no projeto a qualquer parte do sistema, seja para revisão de design, desenvolvimento ou testes.

Resultados e Próximos Passos

Essas mudanças trouxeram maior clareza para os desenvolvedores e uma significativa redução nos gargalos durante o Handoff. O próximo passo é continuar monitorando o impacto dessas melhorias e ajustá-las conforme necessário, sempre ouvindo o feedback das equipes envolvidas.

Organização final do Handoff

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